Faculdade de Medicina de
Jundiaí
Departamento de Saúde Coletiva
Mortalidade infantil no município de Jundiaí:
Fatores impactantes na perinatal
Orientador: Wania Papile Galhardi
Orientado(a): João Vitor Ferraz
Colaborador: Rodrico Crispim Dompieri
Curso: Medicina
Jundiaí, 23 de Agosto de 2012
Sumário
Resumo
|
03
|
Introdução
|
03
|
Justificativa e Objetivo
|
05
|
Material e Método
|
05
|
Resultados
|
06-09
|
Discussão
|
10-13
|
Considerações finais
|
13-14
|
Referências
|
14-15
|
Figuras e Legendas
|
15-19
|
Cronograma
|
19
|
Resumo
O estudo
analisa as causas dos óbitos perinatais de Jundiaí, Estado de São Paulo,
ocorridos em 2009 e 2010 e sua importância para a composição da mortalidade
infantil. Foram utilizados dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM) e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da
Saúde para a determinação dos coeficientes de mortalidade infantil, analisadas
as Declarações de Óbito e as fichas de investigação dos óbitos perinatais
disponíveis no banco de dados da Secretaria Municipal de Saúde de Jundiaí.
Conclui-se que o modelo de assistência básica e hospitalar no Brasil precisa de
ajustes para se adequar à realidade e necessidades do país e especialmente em
Jundiaí-SP, para assim alcançar a qualificação e garantia da assistência
pré-natal, parto e recém nascido e a conseqüente redução da mortalidade
perinatal.
Introdução
Existe uma necessidade crescente
de se desenvolver procedimentos capazes de avaliar a situação de saúde e bem
estar das populações com o intuito de promover mudanças a curto e médio prazo
que reflitam significativamente na qualidade de vida das pessoas.
O conceito de qualidade de vida
é abrangente e considera que cada indivíduo, família, comunidade ou grupo
populacional tenha necessidades e riscos. Neste espaço coexistem as ações
sociais, os serviços de saúde e bem estar, os quais devem ser planejados e
avaliados (VERMELHO ET AL, 2003).
Ao se considerar o processo
saúde-doença identifica-se a importância dos determinantes sociais, pois o
perfil epidemiológico da população tem relação direta com o processo de
trabalho, suas condições e o modo de vida (estrutura de consumo) que juntos
configuram as condições e estilo de vida (VERMELHO ET AL, 2003).
Desta maneira, demonstra-se a
necessidade de conhecer os fatores influenciadores na situação de vida e bem
estar da população. Através dos indicadores de saúde, ou seja, quantificando e
descrevendo a ocorrência de determinados agravos à saúde, doença e morte,
poderemos atuar de forma mais incisiva e assim melhorar as condições de vida
dessas pessoas.
A mortalidade infantil é um
potente indicador de saúde, pois se refere aos óbitos ocorridos durante o
primeiro ano de vida de nascidos vivos de uma determinada região, refletindo as
condições de saúde e de vida precária (VERMELHO ET AL, 2003) da população.
No sentido de melhor entender o
processo saúde doença por meio da mortalidade infantil ela foi subdividida em
dois componentes: a mortalidade neonatal (de 0 a 27 dias de vida), influenciada
pelas condições de gestação e parto, e a mortalidade pós-natal (de 28 dias a um
ano), influenciada pelos fatores ambientais: nutricionais e infecciosos
(gastroenterites, infecções respiratórias e desnutrição) (VERMELHO ET AL,
2003).
Os dados de importância para a
epidemiologia e para a gestão de serviços são coletados, processados,
analisados e divulgados pelos Sistemas de Informações disponíveis no Sistema
Único de Saúde, dentre eles se destaca o Sistema de Informação de Mortalidade
(SIM) e o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) (DRUMOND JR, 2006).
Nos últimos anos, a mortalidade
infantil no Brasil apresentou tendência de declínio, principalmente pela
redução dos óbitos no período pós-neonatal por meio da melhora das condições de
saneamento básico. Em contrapartida, as taxas de mortalidade no período
neonatal apresentaram um lento declínio, em virtude da permanência dos elevados
níveis de mortalidade por fatores ligados à gestação e ao parto. Contudo, a
mortalidade infantil, apesar do decréscimo nas últimas décadas, mostra-se ainda
elevada no Brasil, com diferenças importantes nos níveis nacional e regional
(LANSKY ET AL, 2011; DUARTE, 2007).
Segundo referência do Ministério
da Saúde (2004) 70% dos óbitos infantis poderiam ser evitados. Desses, 43% foram
causadas por agentes externos, como falta de higiene e de alimentação inadequada,
já 16% foram por razões referentes à assistência ao parto e outros 11% por
outras causas relativas a falta de atenção adequada ao recém-nascido.
Os dados do Sistema Estadual de
Análise de Dados de São Paulo (SEADE) em 2010, mostraram que a taxa de
mortalidade infantil no município de Jundiaí aumentou de 11,2 em 2008 para 12,2
em 2009, para cada mil nascidos vivos. A Organização das Nações Unidas (ONU),
através do pacto Metas do Milênio, estabeleceu como meta para o Brasil atingir
o índice de 14,4 mortes por mil nascidos vivos para o ano de 2012. Diante
destes dados, podemos verificar, que embora a cidade esteja dentro dos padrões
internacionais, sofreu um aumento desta taxa em 2009.
Justificativa
Com este estudo pretende-se conhecer
os fatores de impacto na redução da expectativa de vida das crianças de
Jundiaí, cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,857, encontrando-se na
quarta posição no Estado de São Paulo, conforme aponta o Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil (2000), além de possuir instalada uma Faculdade de Medicina e
que no entanto, apresenta alto coeficiente de mortalidade infantil, quando
comparado com outras cidades de mesmo porte, como Piracicaba, com taxa de 9
óbitos por mil nascidos vivos (SEADE - 2010).
Objetivo
geral
Analisar os fatores de impacto
para as causas da mortalidade infantil perinatal no município de Jundiaí,
estado de São Paulo, Brasil.
Objetivo
específico
Analisar as causas de mortalidade
infantil perinatal no município de Jundiaí e identificar as ações necessárias
para a redução da mortalidade infantil.
Material e
Método
Numa 1ª fase da pesquisa, foi realizada em
abril de 2011 uma revisão bibliográfica pelo site <http://regional.bvsalud.org/php/index.php>.
Iniciou-se com a seleção do país (Brasil), depois o tema
(Saúde Pública) e o subtema (Mortalidade Infantil), para em seguida clicar
na palavra pesquisar. Apareceram todos os artigos quantificados por
tema e idioma. Foram selecionados somente aqueles em português, e escolhidos
os publicados de 2005 a
2011. Os resumos foram salvos ano a ano, separados de acordo com os temas:
mortalidade perinatal e pós-natal, analisados segundo os subtemas, como o
processo saúde-doença, determinantes de óbitos perinatais, recomendações para
nascimento e crescimento saudável e atenção à mulher na gestação e parto.
Numa 2ª fase, analisou-se quantitativamente
e em percentuais, os dados registrados no Sistema de Informação de Mortalidade
(SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC) do município de Jundiaí, tomando como
fonte de dados o Sistema de Informação Nacional do Ministério da Saúde e os gráficos construídos por meio da Fundação Sistema
Estadual de Análises de Dados (SEADE) <http://www.seade.gov.br/produtos/mortinf>
acessado em abril e agosto de 2011. Selecionamos as taxas de mortalidade
infantil, neonatal precoce, neonatal tardia e pós-neonatal de todos os
municípios, em seguida escolheu-se a cidade de Jundiaí; os anos de 2009 e 2010
foram solicitados para a confecção das figuras (Figuras 1 a 8). Observa-se que para o
ano de 2012, esta seqüência está modificada no site; gráficos diferentes,
porém, os mesmos conteúdos podem ser elaborados.
Nesta mesma fase foram também
analisados quantitativamente, na forma de números absolutos e descritivos, as
causas do óbito infantil, a idade gestacional até nascimento e o tipo de parto,
específicos para a Mortalidade Perinatal do município de Jundiaí, gerados pelas
Declarações de Óbitos Infantil de menores de 1 ano e Fichas Cadastradas na
Vigilância Epidemiológica do município.
Resultados
Na 1ª fase da pesquisa, pela revisão bibliográfica
baseada em artigos acadêmicos utilizando-se do site acima citado, surgiram 27.348 artigos sobre mortalidade infantil em
diversos idiomas, selecionando-se apenas os que estavam em português obteve-se
1.650 artigos; o passo seguinte foi selecionar os artigos por ano de publicação:
no ano de 2005 – 89 artigos, em 2006 – 50 artigos, 2007 – 66, 2008 – 72, 2009 –
44 e 2010 – 66 artigos.
Os artigos foram separados e selecionaram-se: 26 artigos com foco nas causas evitáveis da Mortalidade Perinatal e 15 sobre a Mortalidade
Pós-Natal, publicados entre os anos de 2005 e 2011. A grande maioria dos trabalhos utilizou dados
secundários de base populacional, em geral tendo como fonte de dados os grandes
sistemas de informação nacional do Ministério da Saúde: de mortalidade
(SIM), de nascidos vivos (SINASC), em atenção básica (SIAB) e informações
produzidas pelo IBGE para análise. Para São Paulo foi frequente a utilização de
dados da Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (Fundação SEADE).
Dentre os artigos selecionados relacionados a óbitos perinatais: 4
analisaram a relação no processo saúde-doença, 6 versam sobre as causas de
óbitos, 5 abordam as recomendações para um nascimento e crescimento saudável, 3
artigos sobre a inter-relação das variáveis determinantes de óbitos perinatais,
1 artigo leva em consideração os óbitos por causas congênitas, 2 sobre a inadequada atenção à mulher na gestação e parto e ao
recém-nascido, 1 as causas hospitalares e 4 artigos sobre as causas sócio
econômicas e culturais.
Em relação aos artigos relacionados à mortalidade pós-natal: 3 discutem
sobre a importância das políticas de saúde, 3 sobre a inter-relação das
variáveis determinantes de óbitos pós-natais, 2 sobre a inadequada atenção à mulher na gestação e parto e ao recém-nascido, 1
artigo estuda o perfil epidemiológico dessas mortes, 5 sobre as causas sócio econômicas e
culturais e 1 sobre a necessidade da melhora na notificação dos óbitos.
Relacionados à 2ª fase da pesquisa tem-se as Figuras 1 a 8 extraídas do site da
SEADE, que originaram a Tabela 1.
Tabela1.
Causas de Mortalidade Infantil nos de 2009 e 2010, por período do óbito.
Causas
|
Neonatal precoce
|
Neonatal Tardio
|
Pós neonatal
|
Mortalidade infantil
|
||||
|
2009
|
2010
|
2009
|
2010
|
2009
|
2010
|
2009
|
2010
|
Afecções Perinatais
|
33%
|
65%
|
64%
|
89%
|
19%
|
10%
|
57%
|
75%
|
Endócrinas/Nutricionais
|
6%
|
-
|
9%
|
-
|
-
|
-
|
2%
|
-
|
Malform. Congênitas
|
17%
|
32%
|
27%
|
11%
|
33%
|
33%
|
22%
|
25%
|
Aparelho Circulatório
|
-
|
3%
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Infecciosas/Parasitárias
|
6%
|
-
|
-
|
-
|
10%
|
10%
|
3%
|
-
|
Aparelho Respiratório
|
17%
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
|
Outras
|
21%
|
-
|
-
|
-
|
34%
|
47%
|
16%
|
-
|
Já os dados coletados junto a
Secretaria Municipal de Saúde de Jundiaí, setor Vigilância Epidemiológica,
incluem a data do nascimento e óbito, bem como a causa morte das crianças
nascidas no município durante o período de 2009 e 2010, a idade gestacional
no óbito, a idade materna, o tipo de parto e os endereços.
Foram verificadas 124 fichas
cadastrais, sendo 64 do ano de 2009 e 60 de 2010, as quais foram analisadas de
acordo com as causas de óbito perinatal evitáveis, relacionadas ao pré-natal e
assistência hospitalar, além de causas congênitas.
Tabela
2. Número de óbitos segundo período da Mortalidade Infantil nos anos de 2009 e
2010
Mortalidade
Infantil
|
2009
|
2010
|
Pós-neonatal
|
22
|
19
|
Neonatal
Tardio
|
12
|
13
|
Neonatal
precoce
|
30
|
28
|
Dos 64 casos de 2009, analisados de acordo com a causa básica, 9 foram
causas pós neonatal, relacionadas aos diversos aparelhos (Doenças Endócrinas,
nutricionais e metabólicas, do aparelho circulatório, do Aparelho Respiratório,
do Trato Digestivo, do Aparelho Urinário) e 37 por Afecções Originadas no
Período Perinatal. Completam os dados 17 casos de Malformações Congênitas e 1
caso relacionado a Causas Externas de Morbidade e Mortalidade.
Desses 37 óbitos por originados por Afecções no Período Perinatal,
têm-se:
Ø
3 por
fatores maternos e complicações na gravidez;
Ø
2
relacionados com o período da gestação;
Ø
15 por
afecções respiratórias e cardiovasculares específicos do período;
Ø
11 por
infecções específicas deste período;
Ø
1 por
transtornos hematológicos e hemorrágicos do feto e do recém-nascido;
Ø
2 por
transtornos do aparelho digestivo do feto e do recém-nascido;
Ø
1 por
afecções comprometendo o tegumento e a regulação térmica do feto e do recém-nascido;
e
Ø
2 por
outros transtornos relacionados ao período perinatal.
No ano de 2010, dos 60 casos analisados de acordo com a causa básica, 10
foram causas relacionadas ao período pós-neonatal ligadas aos diversos
aparelhos (Doenças Infecciosas, do Sangue e dos Órgãos Hematopoéticos, Endócrinas,
nutricionais e metabólicas, Doenças do Sistema Nervoso, do Trato Digestivo, do
Aparelho Geniturinário) e 34 por Afecções Originadas no Período Perinatal.
Dentre os outros, ainda tiveram 13 casos de Malformações Congênitas e 3 casos
relacionados a Causas Externas de Morbidade e Mortalidade.
Dos 34 óbitos originados por Afecções no Período Perinatal, têm-se:
Ø
4 por
fatores maternos e complicações na gravidez;
Ø
1
relacionados com o período da gestação;
Ø
1 por
traumatismos no parto;
Ø
16 por
afecções respiratórias e cardiovasculares específicos do período;
Ø
8 por
infecções específicas deste período;
Ø
1 por
transtornos hematológicos e hemorrágicos do feto e do recém-nascido;
Ø
2 por
transtornos do aparelho digestivo do feto e do recém-nascido; e
Ø
1 por
outros transtornos relacionados ao período perinatal.
Tabela 3.
Mortalidade infantil e semanas de gestação nos anos de 2009 e 2010
Semanas
Gestação
|
2009
(número óbitos)
|
2010
(número óbitos)
|
37 – 41
semanas
|
25
|
14
|
32 – 36
semanas
|
11
|
19
|
28 – 31
semanas
|
11
|
12
|
22 – 27
semanas
|
15
|
14
|
Não
especificados
|
2
|
1
|
No ano de 2009 ocorreram 33 partos normais, 26 cesarianas e 5 não
especificados. Já no ano de 2010, houve uma inversão com 23 partos normais, 35
cesarianas e 2 não especificados.
Discussão
1ª fase
Nesta fase foi revisada a literatura nacional
recente sobre o CMI, com enfoque para os seus níveis e tendências nos anos de
2009 e 2010. Evidenciou-se que os principais estudos sobre mortalidade infantil
foram publicados em periódicos da área de Saúde Pública e baseados nos grandes
sistemas de informações nacionais, principalmente o SIM, SINASC, e as
Declarações de óbitos. Analisou-se as causas de mortalidade perinatal e pós-neonatal
de diversos Estados e Municípios, utilizando-se de diferentes métodos: tipo coorte,
o método de Pollard, estudo descritivo do tipo corte transversal, revisão qualitativa do SIM,
análise qualitativa de Bardin em entrevistas e Estudo descritivo com análise
por conglomerados.
Verificou-se que os estudos apontaram os
óbitos neonatais como os mais importantes componentes da mortalidade infantil
(MI) no Brasil, tendo como causas principais a asfixia, o baixo peso ao nascer,
as afecções respiratórias do recém-nascido, as infecções e a prematuridade.
A descontinuidade entre o pré-natal e o
parto, as dificuldades enfrentadas para a realização do parto, a peregrinação
das gestantes, a falta de comunicação com os profissionais de saúde, a
dissociação entre as condições hospitalares oferecidas e as necessidades
percebidas, foram algumas das situações evidenciadas e relatadas nos artigos
publicados.
E tudo isso vem ocorrendo inclusive nas
localidades com ampla cobertura pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde
e Programa de Saúde da Família. Assim, discute-se dessa forma, o papel dos
serviços de saúde na evitabilidade de tais óbitos, já que os referidos
programas foram instituídos com o objetivo de viabilizar o Sistema Único de
Saúde (SUS), garantindo assistência integral nos diversos ciclos de vida (mulher,
criança, jovem, adulto e idoso).
Alguns artigos também discutem a deficiência
do SIM e dos preenchimentos das Declarações de Óbitos, principalmente pelo
grande número de causas de óbito classificadas como mal definidas, e sugerem
estudos aprofundados nas localidades previamente estudadas.
2ª fase
No sentido de melhor entender o
processo saúde-doença por meio da mortalidade infantil, a análise da pesquisa
nesta fase foi centrada nos períodos que caracterizam os componentes da
mortalidade infantil e nas distintas causas de morte, permitindo assim, a
avaliação da influência de fatores de natureza diversa e, consequentemente, do
impacto de medidas de efeito sobre estes fatores.
Então,
por meio do site do Ministério da Saúde (SIM) verificou-se que em Jundiaí,
durante o período pós-neonatal nos anos 2009 e 2010, as principais justificativas
de mortalidade fazem-se basicamente sobre causas relacionadas à Malformação
congênita, deformidades e anomalias cromossômicas. Entretanto, as afecções que se iniciaram entre a 22 semana de gestaçao e os 7 dias
completos após o nascimento,afecçoes perinatais, (Tabela 1) contribuiram
com 33% de todas as causas de óbitos no ano de 2009 e 10% em 2010; sendo a
principal causa de óbito para este último ano a Malformação congênita,
deformidades e anomalias cromossômicas correspondendo a 33% do total de óbitos.
Por meio do mesmo site foi
possível observar que durante o período neonatal
precoce (Tabela 1), as principais causas de mortalidade para o ano de
2009 e 2010 foram as afecções
originadas no período perinatal (Tabela 1) representando respectivamente 65% e 89% de todas as causas de óbito
infantis. À medida que, as malformações congênitas, deformidades e anomalias
cromossômicas contabilizaram 32% no ano de 2009 e 11% em 2010 do total de
óbitos.
Durante
o período neonatal tardio, óbitos de crianças na 2º, 3º e 4º semanas de
vida, as principais causas de mortalidade para o ano de 2009 e 2010 também
foram as afecções originadas no período perinatal (Tabela 1 ) com 57% e 64%
respectivamente do total de mortes. As malformações congênitas, deformidades e
anomalias cromossômicas procedem com 25% para 2009 e 27% em 2010 de todas as
causas de óbito.
Em ultima analise as principais
origens de óbitos durante o período de mortalidade infantil também se repetem,
prevalecendo como a principal causa as afecções originadas no período perinatal
(Tabela 1),com 58% em 2009 e 75% em 2010 do total de mortes. Posto que, as
malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas contribuíram
com 27% em 2009 e 22% no ano de 2010 sob todas as causas de óbito.
Parece,
pois necessário um maior enfoque para as afecções originadas no período
perinatal: as “síndromes de distúrbios respiratórios” as “outras afecções
respiratórias do recém-nascido” e as infecções contribuem com uma grande
parcela dessas afecções evidenciando uma falta de suporte hospitalar bem como
de um pré-natal adequado e acessível a toda a população. Por sua vez, há um
numero significativo de óbitos relacionadas a malformação congênita que segundo
Hein & Lofgren (1999) são causas que não se pode prevenir, mas algumas são
evitáveis com assistência hospitalar adequada inclusive acesso à cirurgias nos
primeiros meses de vida.
Ao analisar os dados calculados
pelo método direto utilizando como numerador os óbitos de menores de um ano do
SIM para o município de Jundiaí notamos o valor expressivo, em torno de 75% de
óbitos por afecções originadas no período perinatal nos anos pesquisados. O
estudo de Duarte (2007)
menciona a tendência brasileira de declínio, principalmente à custa da redução
dos óbitos no período pós-neonatal, por fatores fundamentalmente ligados à
melhoria das condições de saneamento básico. Em contrapartida, as taxas de
mortalidade no período neonatal e perinatal apresentaram tendência de declínio
muito lento, em virtude da permanência dos elevados níveis de mortalidade por
fatores ligados à gestação e ao parto. Com base nestes dados, prosseguimos
nosso estudo com o intuito de avaliar as principais causas de óbitos infantis,
dando prioridade para o valor mais expressivo, ou seja, as afecções originadas
no período perinatal.
Assim, constatou-se a necessidades
de pesquisa mais aprofundada junto à vigilância epidemiológica de Jundiaí com o
intuito de verificar causas de mortes mediante as Fichas de Investigação de
Óbito Infantil, e observou-se que o número de óbito neonatal precoce e tardio,
bem como o pós-neonatal se mantiveram sem alterações significativas para os
anos de 2009 e 2010 (Tabela 2).
Ao se tomar as causas de óbito do
período perinatal evidencia-se nos dois anos um predomínio, em ordem decrescente,
das afecções respiratórias e cardiovasculares específicas do período, infecções
específicas deste período, fatores
maternos e complicações na gravidez. Quando se relaciona estas causas com a
idade gestacional (Tabela 3) verificamos que 37 (57%) dos óbitos, no ano de
2009, ocorreram em gestações com idade inferior à 37 semanas, e, foram 45 (75%)
para o ano de 2010 na mesma situação. No desenvolvimento fetal, segundo escreve
Rezende & Montenegro (1980), o feto é viável para sobrevivência após a 37ª
semana de gestação, se aliar a isto o conhecimento técnico científico possível
de ser aplicado nos pré-natais e nos partos, capaz de propiciar uma gravidez
saudável e um parto sem riscos, percebe-se que existem falhas a serem superadas
nos serviços de saúde do município.
Ainda, na análise dos tipos de
parto verifica-se uma grande incidência de cesarianas, e um aumento destas no
ano de 2010, as mesmas podem oferecer riscos à mãe e ao feto, e por ser um ato
cirúrgico só deveria ser realizada quando indicada.
Assunção (2010) encontrou no seu
estudo sobre fatores associados ao nascimento pré-termo em Campina Grande –
PB: ter filho anterior pré-termo assistência pré-natal inadequada, ganho
ponderal materno insuficiente, dano físico materno durante a gestação, hipertensão
arterial na gestação com eclâmpsia e sem eclâmpsia, internação durante a
gestação, alteração do volume amniótico e sangramento vaginal. Estudo
semelhante poderia ser realizado no município de Jundiaí para conduzir as ações
de saúde com especificidade para as diversas situações.
Considerações finais
A
mortalidade perinatal ainda representa um desafio à redução da mortalidade
infantil no município de Jundiaí. Importantes fatores associados ao óbito
neonatal precoce em prematuros de muito baixo peso são passíveis de
intervenção, como a melhora da vitalidade fetal ao nascer e a diminuição da
incidência e gravidade da síndrome do desconforto respiratório. As diferenças
de mortalidade encontradas apontam para a necessidade de identificar as
melhores práticas e adotá-las de maneira uniforme em nosso meio. Isto fica
demonstrado diante da diversidade de estudos publicados e das discussões que
demonstram as necessidades de mudança da atenção ao pré-natal, parto e ao recém
nascido, bem como a garantia de acesso da
gestante e da criança, em tempo oportuno, a serviços de saúde de qualidade.
As ações propostas pelo Programa Saúde da Família
exigem competência médica e sociológica esbarrando em problemas inerentes à
formação biomédica; a infra-estrutura precária e aos insumos. Conclui-se que o
modelo de assistência básica e hospitalar no Brasil precisa de ajustes para se
adequar à realidade e às necessidades do país para que possamos alcançar a
qualificação/garantia da assistência pré-natal, parto e recém nascido e a redução
da mortalidade infantil perinatal.
Referências bibliográficas
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Acessado em Abril, 2011.
Palavras Chave: Mortalidade Infantil,
Determinantes Sociais, Saúde e Doença