segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Inflamação x Infecção



Depois de tanto tempo sem escrever por conta do trabalhoso segundo ano que tive, retomo as atividades no Blog com um tema simples, porém, que ainda gera muitas dúvidas na população. Motivado por uma conversa com meu amigo Dr. Fábio Martinez, que me relatou sempre “perder” um tempão com seus pacientes para explicar a diferença entre Inflamação e Infecção decide tentar elucidar esse tema.

O nosso corpo pode ser agredido por 3 tipos de agentes, por meio de uma agressão física, quando nos cortamos, levamos uma pancada; química, ao ser atingido por uma substância maléfica, com um ácido que cai na pele; ou através de um agente infeccioso, como uma bactéria, um vírus, fungos etc. A Inflamação serve para combater alguma lesão. Toda vez que tivermos uma lesão, ocorrerá Inflamação. Ela também tem a função de reparo, é necessária uma inflamação inicial para seguir o processo de reparo. A inflamação vai combater um agente agressor – (fator físico, químico ou biológico).

Inflamação não é uma doença, é uma resposta fisiológica de defesa. Os sinais clássicos da inflamação são: calor, tumor (inchaço), rubor e dor – e também a perda de função. São os sinais cardinais da inflamação. O Calor se dá pela vasodilatação que ocorre no local, os vasos da região se tornam dilatados, facilitando o acúmulo de sangue no local para que as células de defesa possam chegar e atuar no reparo da lesão. O Tumor se dá pelo edema, quando os vasos dilatam, ocorre passagem de líquido presente no sangue, dos vasos para o tecido, além do líquido presente nas células que morreram, que extravasa e se acumula no local. O Rubor aparece pela vasodilatação, provocando o acúmulo de sangue, que devido a sua cor, torna a região avermelhada. E a Dor ocorre pela estimulação de plexos nervosos da região, que recebem estímulos de substâncias liberadas pelo tecido lesado e pelas células de defesa, sinalizando ao organismo que alguma coisa não anda bem naquele lugar do corpo.

A função da inflamação então é conter e isolar o agente agressor para que o sistema imunitário produza mediadores químicos, afim de neutralizar e ou minimizar o avanço do processo inflamatório e a perda da função. Essa resposta pode ser Aguda, acontecer logo após a lesão e se resolver em torno de horas ou alguns poucos dias; ou pode ser Crônica, quando o processo inflamatório persiste por longos dias e até anos. A causa da lesão, o estado nutricional, o sistema imune e os antibióticos vão determinar o processo da inflamação, se será arrastado ou não. Os antiinflamatórios são usados para bloquear a inflamação, pois apesar de ela ser importante, a partir de um ponto, onde este estimulo é muito intenso, ela será prejudicial e poderá agredir o tecido da própria pessoa. Eles modificam o curso das lesões inflamatórias. Esses remédios são uma arma para não haver agressão.

Então, quando algum agente agride nosso corpo, ele reage através do processo inflamatório. A lesão tecidual, provoca a liberação de substâncias que vão ativar vários mecanismos. Primeiro, ocorre estímulo para a vasodilatação, que promoverá a estase sanguínea. Com o acúmulo de sangue nesses vasos, ocorre o extravasamento de líquido e a passagem das células de defesa para o local da lesão. As substancias liberadas, ou seja, os mediadores inflamatórios, sensibilizarão os neurônios presentes, causando a dor; eles também recrutam mais células do sistema imune para ajudar na resposta à lesão. Essas células farão a limpeza do local, removendo as células que morreram por conta da agressão, além de claro, remover o agente agressor. Terminada essa fase, começa a fase de reparo, onde outras células farão a reconstituição desse tecido.

O leitor mais atento deve ter percebido que no começo do texto mencionei “agente infeccioso”. É ai que entra a infecção. Até o momento só falamos de inflamação. Quando estou apaixonado, gosto de agradar a pessoa lhe dando rosas. Se ao pegar um botão de rosa essa pessoa for atingida por um espinho, ocorrerá um processo inflamatório somente. Porém, se neste espinho tiver um fungo, causador de uma micose sistêmica, poderá ocorrer, além da inflamação, uma infecção.

Logo, para ocorrer infecção é necessária que a lesão ocorra através da entrada de um microorganismo, que pode ser uma bactéria, um vírus, fungo, entre outros. Na nossa pele, nas mucosas da boca, estômago, intestinos, no aparelho respiratório, enfim, em quase todo corpo, possuímos muitas bactérias que fazem parte da microbiota normal do nosso organismo. Esses organismos vivem nesses locais de maneira pacífica, sem fazer mal ao nosso corpo, mas uma lesão ou a diminuição da função de nosso sistema imunitário pode fazer com que eles se multipliquem de forma descontrolada e causar uma infecção.

Assim, a infecção é a colonização de um organismo hospedeiro (nós) por uma espécie estranha (microorganismos). Numa infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patogênico, interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas consequências. A resposta do hospedeiro é a inflamação, que fará de tudo para conter a infecção. Um dos sinais de que ocorreu infecção é a presença de pús, um líquido branco, pastoso, que pode estar dentro de uma cavidade ou livre sobre o local infectado, porém existem infecções que não formam pús.

Portanto, Inflamação é a resposta à agressão, que pode ter sido provocada por uma infecção. Espero que tenha elucidado de forma didática o assunto. Tentei expor da maneira mais simples possível e caso ainda tenha ficado dúvidas, por favor, me perguntem. Mais uma vez, nunca é demais lembrar, que qualquer alteração, lesão, que não tenha se curado naturalmente, é importante procurar um médico para não correr o risco de uma infecção crônica. Agradeço a você que conseguiu ler até o final meu humilde texto.

Deixo aqui minha mensagem de Natal, que todos tenham uma feliz noite de Natal, que o amor e paz estejam em todos os corações. Um grande e fraterno abraço a todos!

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